Racismo Ambiental
Racismo Ambiental
Por : Coletivo Resistência AfroCerrado
O racismo possui várias dimensões e se modifica para se adequar aos valores vigentes que mudam com o passar dos anos,
portanto, racializar questões ambientais também é importante para identificar e combater desigualdades.
A partir dessa demanda surge então, em 1981, o termo Racismo Ambiental, cunhado pelo ativista estadunidense pelos
direitos civis Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr. Ele denunciava injustiças ambientais as quais a comunidade negra estava exposta,
como a condução intencional de pessoas negras para moradias com risco de contaminação e poluição, e a exclusão de líderes negros em
movimentos ambientais. Dessa forma, racismo ambiental é toda e qualquer política ou ação que dificulta, impede ou limita o acesso e
uso dos recursos naturais baseado em raça ou cor.
No contexto global podemos perceber essas desigualdades das relações ambientais com o norte e sul global: Europa e suas colônias e
ex-colônias, os resultados do colonialismo e imperialismo com grandes impactos nas populações originárias de territórios colonizados.
A forma como alguns países são afetados por catástrofes podem ser bem exemplificadas aqui. Os impactos causados por furacões em regiões
de infraestrutura pouco desenvolvidas como o Haiti são bem mais desastrosos que em regiões atingidas nos Estados Unidos e até mesmo a
comoção torna-se seletiva nesses casos.
Enquanto a campanha de reconstrução de Notre-Dame arrecadou mais de 900 milhões de dólares, a situação de países do sudeste africano
após a passagem do ciclone Idai dependeu de ajudas humanitárias inferiores ao arrecadado da catástrofe da Catedral parisiense, com
recolhimento de apenas 2% do objetivo.
No Brasil, as injustiças ambientais afetam várias comunidades que são formadas em sua maioria por pessoas negras, indígenas e pardas,
que são as mais socioeconomicamente vulneráveis. As populações periféricas e faveladas, comunidades indígenas e quilombolas, ribeirinhas,
os povos ciganos, vazanteiros, geraizeiros, caiçaras, extrativistas, entre outras comunidades tradicionais, são as mais impactadas pelo racismo
ambiental, possuem pouca ou nenhuma representação política e são excluídos dos processos de tomada de decisão.
Fonte: Imagem da Internet
A instalação de usinas hidrelétricas, aberturas de estradas e empreendimentos diversos têm sido responsáveis pela
diminuição da área das terras de populações tradicionais, o que significa menos território disponível para caça e coleta,
ou até mesmo a expulsão completa do território. A contaminação dos recursos hídricos pela mineração e indústria inviabiliza
o uso da água e o consumo de peixes, e a não demarcação de terras indígenas e quilombolas deixa os territórios e pessoas mais
vulneráveis a conflitos por disputa de terra com fazendeiros e latifundiários, o que têm sido responsável por embates violentos e
mortes de povos dessas comunidades no campo.
No contexto urbano, as populações das periferias e favelas são afetadas pela carência de água potável, falta de saneamento
básico e tratamento de esgoto, pela presença de lixões próximos a moradias e por construções irregulares à beira de rios e
encostas de morros.
Todos esses fatores expõem essas populações a doenças e oferecem riscos de acidentes, contribuindo à maior mortalidade.
O que é Racismo Ambiental e como surgiu o conceito? Portal Ecycle.
Reconstrução de Notre Dame já recebeu R$3,5 bilhões...site Meia hora.
Sobre os autores: Resistência AfroCerrado; Instagram @r.afrocerrado
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